Qual é o mal de amar, me diz,

se o amor acende e desfaz a cicatriz?
Se em meio à dor, ele é abrigo,
e no silêncio, é um grito amigo?

O mal talvez não seja o amor,
mas o que dele fazemos, com fervor.
Quando entregamos mais do que temos,
quando por medo, nos esquecemos.

Amar é fogo — aquece ou queima,
é rio — afoga ou vale a pena.
É flor que brota em solo incerto,
é céu aberto... ou deserto.

O mal de amar é se perder inteiro
em quem só ama por um tempo passageiro.
É esperar eternidade
de um coração sem vontade.

Mas ainda assim, quem nunca amou
não sabe o que a alma tocou.
Pois mesmo com dores a carregar,
não há bem maior… que amar.